Entendendo Renda Fixa: Vale a pena investir?

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Entendendo Renda Fixa: Vale a pena investir?

O mercado de renda fixa, que sempre teve grande visibilidade no mercado nacional e internacional, nos últimos anos vem ganhando ainda mais notoriedade também internacionalmente devido a inúmeras crises financeiras e suas repercussões para o mercado acionário.

O periódico The Economist apresentou uma matéria em janeiro de 2016 questionando o fato de todos acreditarem que o mercado acionário é a melhor opção para o longo prazo, em termos de retorno. O principal ponto levantado para tal questionamento são as recentes crises econômicas e financeiras adicionadas ao fato de que a maioria dos estudos que defendem tal ponto de vista são realizados com dados norte-americanos. Um exemplo é o caso do estudo dos renomados acadêmicos Mehra e Prescott em 1985 responsáveis por documentar que o retorno do mercado acionário dos Estados Unidos é significativamente superior ao retorno observado no mercado de títulos local, mesmo considerando o risco envolvido nos diferentes investimentos. A diferença entre as taxas ultrapassava em muito o valor previsto pela teoria e por isso foi considerada como uma “anomalia” na literatura de finanças e amplamente estuda a partir de então.

No entanto, devemos esperar o mesmo comportamento ao analisarmos o mercado brasileiro? Sempre devemos esperar retornos no mercado de ações mesmo levando em consideração a diferença no risco de cada tipo de investimento? Vamos ver a seguir que a resposta para essas perguntas não é tão clara, pois sempre devemos considerar nas decisões de investimento o que os economistas chamam de apetite por risco, ou seja, o quanto de risco o investidor está disposto a incorrer para obter determinado retorno.

O passo natural antes de decidir entre investir em um ativo livre de risco, como um título do governo, ou um ativo mais arriscado, por exemplo uma ação negociada na bolsa, é analisar os retornos passados desses investimentos. É exatamente o que realizaremos a seguir, ou seja, uma comparação entre livres de risco (referenciados em taxa DI) e um indicador de rendimento médio da bolsa de ações, o Ibovespa. Antes de iniciar essa análise de retornos, sou obrigado a destacar que comportamento passado dos investimentos não garante que o mesmo comportamento irá ocorrer no futuro. Além disso, antecipo que não pretendo aqui dizer exatamente no que investir, mas lhe conceder mais informações para que tome essa decisão.

 

Renda Fixa x Renda Variável

Para esta comparação utilizaremos dados de retorno mensal contemplando o período pós plano Real. Iniciamos em 02 de janeiro de 1995 e vamos até 29 de maio de 2017. Nossa análise compara um investimento de R$ 10.000 para diferentes períodos no tempo e horizontes. Analisamos os rendimentos obtidos com a Taxa DI (taxa dos depósitos interbancários) vs a taxa de retorno do Ibovespa. A primeira representa nossa taxa livre de risco e possui diversas curiosidades que veremos com mais detalhes na próxima postagem.

O Ibovespa representa o desempenho médio das ações mais negociadas na bolsa de valores brasileira (maiores informações, acesse bmfbovespa).

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Iniciemos a análise com o período mais longo, 22 anos e 5 meses. O gráfico 1 (a) ilustra o desempenho de nossos ativos selecionados de renda fixa e renda variável. É importante observar que existem momentos nos quais um ativo é mais rentável e em outros menos. Ao final desses mais de 22 anos observa-se que existe uma vantagem de R$26.488,52 para o investidor que optou por renda fixa, ou seja, o investimento em renda fixa trouxe rendimento 18,4% maior que a média do mercado de ações. Após a incidência de imposto de renda, o montante de capital obtido por nosso investidor de renda fixa em comparação ao nosso investidor em renda variável é superior em R$22.515,24. A Tabela 1 apresenta os montantes finais obtidos por cada estratégia de investimento nos períodos selecionados, com ou sem a incidência de Imposto de Renda (IR).

Tomando como referência 31 de março de 2017 e voltando 10 anos ou 5 anos, observa-se novamente uma vantagem considerável para o investidor que optou por renda fixa. Já descontado o imposto de renda, de R$13.589,66 para horizonte de aplicação de 10 anos e de R$4.396,90 para 5 anos. Em 3 anos, o valor obtido a mais em renda fixa é aproximadamente 12% superior. Já no horizonte do último ano (junho de 2016 a maio de 2017) o investidor que aplicou em renda variável apresentaria um ganho 17,1% maior.

Em resumo, temos que em 5 dos 6 casos analisados a aplicação em renda fixa mostrou-se mais rentável para o investidor pessoa física. Isso não significa que renda fixa seja sempre a melhor alternativa, mas deixa claro o porquê de a renda fixa ser considerada mais segura. Qualquer investimento deve exigir cuidado do investidor antes de tomar suas decisões. Porém a análise acima demonstra como pode ser simples comparar rendimentos que pode auxiliar na sua tomada de decisões.

A seguir destacamos uma breve visão das alíquotas de imposto de renda incidentes em cada tipo de aplicação que podem ser úteis para o investidor que tenha interesse em realizar suas próprias análises. Para maiores informações, sugerimos acessar o site da receita federal.

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Agora que você viu como são seus rendimentos da taxa DI no histórico recente, deve estar curioso para saber um pouco mais sobre essa taxa e outras com características semelhantes. Por isso mesmo, em próximas postagens, apresentaremos com maiores detalhes o que são taxas DI e a SELIC e quais seu papel na economia brasileira.

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