Primeiro passo para o brasileiro é quitar dívidas do cartão de crédito

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Primeiro passo para o brasileiro é quitar dívidas do cartão de crédito

Taxa de 18% “arruína qualquer pessoa”, diz economista sobre perigos de endividamento

O Boletim Focus do BC (Banco Central), divulgado nesta segunda-feira (17), indicou, pela primeira vez, que a economia brasileira poderá encolher em 2016 e deverá reagir somente em 2017. Por isso, os economistas recomendam aos brasileiros que estão empregados: o primeiro passo para evitar problemas com as finanças pessoais é quitar as dívidas do cartão de crédito.

O presidente da Ordem dos Economistas do Brasil e professor da FEA (Faculdade de Economia e Administração) da USP, Manuel Enriquez Garcia, explica que o brasileiro deve “olhar os cartões de crédito e ver qual é o gasto que vai ter nos próximos meses”.

— Tem que ver se está pagando todos os valores no dia do vencimento. […] Se achar que está havendo um desequilíbrio, tem que parar de usar o cartão de crédito. Então, se já se endividou, não se endivide mais. O cartão de crédito deve ser usado em benefício da gente, então nunca se pode parcelar, nunca se pode aceitar o valor mínimo porque a taxa de juros está próxima de 18% ao mês. Essa taxa arruína qualquer pessoa.

Caso o consumidor já esteja pagando parcelas do cartão de crédito, ao invés de quitar toda a fatura na data do vencimento, Enriquez Garcia tem outra recomendação: “Antes de fazer novas dívidas, vá ao banco e peça um empréstimo pessoal, que, na pior da hipótese, pode custar de 2,5% a 3,5% ao mês. É melhor que pegar um empréstimo do cartão”.

Com a possibilidade de piora da economia, o brasileiro também deve se precaver com os gastos em casa, avisa Celina Martins Ramalho, economista e conselheira do Cofecon (Conselho Federal de Economia).

— Haverá menos ocupações, ou seja, um aumento do desemprego. Além disso, a negociação salarial ficará difícil, o que prejudica ainda mais o trabalhador, já que as perdas salariais são intrínsecas no processo inflacionário.

Melhora da economia

Os economistas ouvidos pelo R7 apontam que, com uma melhora na política econômica, o PIB (Produto Interno Bruto, que é a soma de riquezas do País) tem condições de reagir. O professor de macroeconomia da Fecap (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado) André Roncaglia de Carvalho prevê que, até o fim de 2016, haverá uma recuperação da economia.

Ramalho lembra que o boletim Focus reflete a expectativa do mercado financeiro para curto e médio prazo e “tem uma visão bastante pessimista”.

— A política econômica precisa envolver os outros agentes, como as empresas e famílias, para alcançar a melhora na expectativa.

Previsão antiga

O sócio-diretor da Easynvest, Marcio Cardoso, explica que a expectativa de resultados ruins da economia brasileira apontada no boletim Focus desta semana já vinha acontecendo “semana a semana e já tinha embutida a perspectiva negativa para 2016”.

— Rico ou pobre, a recessão da economia é ruim para todo mundo. Para o trabalhador, para as famílias, para o investidor, para o empresário. Todo mundo é prejudicado com a queda no PIB, com os juros altos e com a inflação alta.

Reajuste do mínimo

Para quem recebe salário mínimo, o reajuste em 2016 será pouco afetado por eventual PIB negativo em 2015 ou 2016. Isso porque a correção do mínimo é calculada pela variação do PIB de dois anos anteriores mais a inflação medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor).

Atualmente, o mínimo está em R$ 788 e será corrigido pelo PIB de 2014, que foi de 0,1% — ainda que próximo de zero, ficou no azul e pouco impactará o reajuste em 2016. Quanto à inflação, porém, ainda não há um número fechado de 2015, que sairá apenas no fim do ano ou início de 2016.

 

Fonte: R7

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