Rating e investimentos no Brasil

As agências de rating têm expressiva importância na imprensa especializada em economia. Parte dessa importância se deve ao fato de alguns fundos de pensão internacionais serem sensíveis ao grau de investimento dos países. Esses fundos seguem a regra internacional do Acordo de Basiléia III que os impede de investir em países avaliados como grau especulativo – isto é, de alto risco – pelas principais agências de classificação de risco – Standard & Poor’s, Moody’s e Fitch Ratings.

Em função do cenário macroeconômico e político do Brasil, o Brasil perdeu o grau de investimento segundo a avaliação dessas agências. Hoje a nota do Brasil pela S&P é BB- e para a Moody’s é Ba2, e ambas são o “último degrau” antes de passar ao grau especulativo. Já a Fitch dá ao Brasil a nota BB, com perspectivas de reavaliação negativa ainda esse ano devido ao cenário de não aprovação da reforma da previdência.

Um dos resultados do rebaixamento do rating por parte das agências de risco é a fuga de capitais do Brasil. O risco de saída é maior para aqueles fundos de pensão que apresentam restrições para investimentos em países avaliados como sendo de grau especulativo. Portanto, grandes fundos de pensão e de investidores institucionais deixam de investir no Brasil por causa desse cenário.

As agências preveem uma tendência pouco positiva para o Brasil em 2018. Se não for aprovada a reforma da previdência, perde credibilidade a sinalização de uma política fiscal que garanta maior equilíbrio no médio prazo, o que pode levar a novos rebaixamentos.  O Brasil, por exemplo, já possui uma perspectiva negativa por parte da Moody’s, devido às incertezas sobre a aprovação da reforma da Previdência pelo Congresso.

É importante ressaltar que embora o cenário da aprovação da reforma da previdência seja negativo, há outros indicadores macroeconômicos que mostram melhora, como o resultado positivo do PIB em 2017. A redução da taxa de juros para níveis inferiores à 7% ao ano devem impulsionar os investimentos. Além disso, a estabilidade da inflação é um ponto positivo para o governo. Todos esses indicadores são elementos positivos de estabilidade. Contudo, faltam ainda avanços no lado fiscal que permitam a contenção da escalada crescente da relação dívida pública e PIB, das altas despesas públicas e dos déficits significativos. O resultado combinado desses fatores pode ser o pretexto para um novo rebaixamento do Brasil dado pelas agências de risco.

Precisamos reverter esse cenário para voltar a crescer com força e de forma sustentada!

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