Meu gerente ofereceu um CDB. Vale a pena investir?

Aumento do otimismo do mercado de crédito não garante redução de juros, dizem economistas
setembro 24, 2016
Taxa de juros cai após 4 anos e chega a 14%
outubro 20, 2016

Meu gerente ofereceu um CDB. Vale a pena investir?

São Paulo – Enquanto a taxa básica de juros da economia não cai, os grandes bancos seguem com a promessa de que os Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) superam a poupança com folga. Mas, se você não conhecer bem o produto e a taxa de retorno do seu investimento, pode trocar seis por meia dúzia.

Antes de tudo, entenda que as instituições financeiras têm todo o interesse que você adquira CDBs —títulos que os bancos emitem para captar dinheiro das pessoas e emprestar a outras por juros altos. Assim, quanto maior for a necessidade do banco de se capitalizar, maior será a taxa de retorno oferecida a quem compra um CDB, para atrair investidores.

É por isso que esses títulos privados podem oferecer remunerações maiores que a poupança e até mesmo que o Tesouro Direto. Mas há uma variação imensa de taxa de retorno oferecida pelas instituições e, em geral, bancos pequenos e financeiras independentes remuneram melhor do que os grandes bancos de varejo.

“Ao contrário do senso comum, a qualidade dos bancos não tem a ver com o seu tamanho. O investidor não deve ser preconceituoso com instituições menores e deve procurar a maior taxa de retorno”, orienta o consultor financeiro André Massaro, autor do blog Você e o Dinheiro em EXAME.com.

No site ou aplicativo rendafixa.rocks (disponível para sistemas Android e iOS), você pode comparar as remunerações oferecidas por algumas instituições.

Se a taxa de retorno do seu banco não estiver disponível facilmente na internet, não hesite em perguntá-la ao gerente. “O brasileiro tem o hábito errado de casar com o seu banco. Mas, mesmo cliente de um, pode ser melhor comprar o CDB de outro lugar”, aconselha Juliana Inhasz, professora de economia da graduação do Insper.

Não importa o banco escolhido, os CDBs contam com a garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que, em caso de quebra da instituição, reembolsa aos seus investidores perdas de até 250 mil reais por CPF. Logo, são uma alternativa “inofensiva” de investimento, segundo Massaro, focada em investidores conservadores, assim como a poupança.

Mas afinal, o que é um CDB com boa taxa de retorno?

Lembra quando falamos que você precisa conhecer o produto para saber se ele rende mais do que a poupança? Pois bem, nem todo CDB é igual.

Eles podem ter duas formas de remuneração diferentes: pré-fixada, quando o CDB rende a uma taxa de juros fixa e você sabe exatamente quanto dinheiro receberá no final, por exemplo, 10% ao ano; e pós-fixada, quando ele é indexado à taxa DI (CDI), o que significa que eles pagam ao investidor certo percentual dessa taxa, atualmente em 14,13% ao ano, muito próxima à Selic.

A maioria dos CDBs disponíveis no mercado são pós-fixados. Apesar de serem aparentemente mais arriscados, eles garantem o poder de compra do investidor. Ou seja, não importa o que aconteça com a economia do país e a taxa de juros, o investidor estará protegido. É por isso que os CDBs pré-fixados são mais indicados para quem quer investir no longo prazo ou não sabe quando pretende usar o dinheiro.

É possível encontrar CDBs no mercado que pagam mais ou menos do que 100% da taxa DI. Segundo a professora Juliana, do Insper, qualquer rendimento abaixo de 85% do CDI não compensa em relação à rentabilidade da poupança.

Isso porque a poupança é isenta de Imposto de Renda, enquanto o rendimento do CDB é tributado com alíquota que varia entre 22,5% e 15%, conforme o tempo de aplicação. Quanto mais longo o prazo, menos você paga de imposto. “Na prática, o que você vai ganhar não é a taxa de retorno prometida. É preciso descontar o IR”, orienta Juliana.

E o que é uma boa taxa para um CDB pré-fixado que não é atrelado ao CDI? Teoricamente, qualquer valor acima da inflação prevista para o ano, descontando IR. Ou seja, supondo que você aplique por um ano, a taxa precisa ser, no mínimo, de 10% ao ano.

A remuneração oferecida pelo banco ou financeira depende de quanto você investe. Quanto maior o aporte inicial, mais poder de barganha você tem.

Muitos CDBs oferecem liquidez diária, ou seja, permitem o resgate do valor investido a qualquer momento. No entanto, as melhores remunerações são obtidas nos CDBs de longo prazo.

Fonte: Exame
//]]>