O objetivo principal da avaliação de projetos é priorizar os melhores projetos, evitando que projetos com baixa rentabilidade ou mesmo inviáveis sejam executados. Esta escolha afeta tanto a esfera privada quanto a pública, uma vez que o número (e o valor) de projetos comumente excede a disponibilidade de recursos para financiá-los. É necessário, portanto, recorrer a mecanismos capazes de identificar os melhores projetos a serem executados.
Contudo, uma rápida análise dos requisitos necessários para adequada avaliação de projetos revela como essa atividade pode ser complexa. Primeiramente deve-se definir claramente o escopo do projeto e as atividades nele envolvidas. Em seguida, cumpre identificar e quantificar os componentes básicos do projeto, a saber:
A receita do projeto é talvez o mais relevante componente do projeto, uma vez que ele justifica sua execução no sentido econômico-financeiro. Um projeto pode se justificar pelos seus impactos sociais, por exemplo projetos de construção de um hospital em um município tem claramente benefícios sociais, porém não necessariamente se sustenta no sentido econômico-financeiro.
Enquanto as receitas se referem à entrada de recursos decorrente das atividades executadas, os custos operacionais denotam as saídas de recursos decorrentes das atividades do projeto. Esse grupo pode ser dividido entre custos operacionais fixos e variáveis.
Os custos fixos são custos relacionados à execução das atividades do projeto, porém, não são diretamente sensíveis ao nível de atividade realizado. Por exemplo, em um projeto de transporte público o aluguel pago para instalar o escritório da diretoria é um gasto diretamente relacionado as atividades do projeto, mas não é sensível à quantidade de quilômetros rodados pelos ônibus.
Já os custos variáveis estão diretamente associados às atividades executadas, como, por exemplo, os gastos com combustíveis em um projeto de transporte público.
O grupo de investimentos se refere aos gastos necessários para dar início as atividades ou torna-las mais eficientes. Esses gastos não têm relação direta com as atividades executadas, porém normalmente são gastos necessários para que o projeto se inicie ou mesmo para que o nível de receita seja condizente com o esperado.
Para ilustrar os elementos que compõe esse grupo, podemos citar a construção de terminais de ônibus ou a compra da frota de ônibus, no caso de um projeto de concessão de transporte público; ou a troca de lâmpadas de uma cidade por lâmpadas com menor gasto de energia em um projeto envolvendo a iluminação púbica.
Esse componente já foi discutido em outras oportunidades do blog (link post custo de capital) e se refere à remuneração adequada para o projeto de acordo com seus riscos. Conforme discutido, sua estimação envolve diversas premissas destinadas a melhor representar a realidade do projeto. Dentre elas, podemos destacar as fontes de financiamento (recursos próprios ou de terceiros), o setor da atividade em questão e seus respectivos riscos.
Uma vez definidos os componentes básicos, cabe sintetizá-los para identificar se o projeto é economicamente viável. Cada um deles envolve conceitos e metodologias adicionais muito relevantes, os quais apresentaremos mais detalhadamente em publicações futuras. Neste artigo oferecemos uma lista desses conceitos e metodologias, acompanhados de breves explicações.
Em resumo, ao se analisar um projeto devem-se contrapor benefícios financeiros e sociais do projeto aos seus riscos e aos benefícios dos demais projetos disponíveis. Para tanto, devem-se definir claramente as métricas de avaliação e a metodologia de análise, sendo que a metodologia mais usualmente aplicada de avaliação é o Fluxo de Caixa Livre.